Por Francisco Carlos O. de
Lima
O
olhar perdido, braços paralisados, milhares de pessoas olhando a bola uruguaia
no
fundo do gol,
E o goleiro Barbosa parece um “Cristo”
negro cheio de pecados, traído por um chute iscariotes,
Pronto para carregar sua cruz ao longo da
vida,
Ao contrário do Cristo verdadeiro que doou
a vida para pagar os pecados (de nós outros),
O nosso cristo Barbosa ao mesmo tempo em
que o gol uruguaio invadia o fundo de suas redes,
Sentia que ali doava sua vida, sua paz e
sua alegria, por causa de um gol improvável,
E inerte recebia,
Os primeiros açoites de sua via sacra,
De quem nunca perdoaria,
A derrota em pleno maracanã,
E cabisbaixo esperava os ferrões que lhe
perfurariam,
A alma, o corpo e o coração; ao longo de sua vida;
Tantos anos se passaram,
E a telinha insiste em nos mostrar,
Ele, nosso pobre cristo negro, (Que o
criador já recebeu em sua ante-sala),
Se preparando para a longa caminhada;
Na qual sofreria, diariamente chicotadas;
De uma torcida que desde o coliseu;
Torce pelos leões;
E que necessita de um PROMETEU acorrentado
com abutres a lhe roer o fígado;
Dia após dia;
Dos perdedores Barbosas, com suas
infindáveis agonias;
Do futebol, do gol e do drible,
componentes da magia;
Falso ópio que trás ilusão, tristeza e
euforia,
Que faz da insondável jabulani, seu mestre,
pão, circo e guia.
E lá do fundo do baú...
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