1) EM
2012 O GOIAMUM CHEGA AO SEU SEXTO ANO, E TORNOU-SE O
PRINCIPAL EVENTO DO AUDIOVISUAL DO NOSSO ESTADO, COMO E PORQUE SURGIU
ESSE FESTIVAL?
O
Goiamum surgiu como uma necessidade de se pensar criticamente o
audiovisual potiguar. Foi criado em 2007 através da iniciativa da Zoon
Fotografia e do Cineclube Natal,mais a parceria convidada da ABD&C
(através de seu presidente à época, Carlos Tourinho) e de alguns
produtores e diretores (dentre eles, Geraldo Cavalcanti e Buca Dantas,
que atenderam o chamado), mais um convite feito ao FestNatal, através de
seu organizador, Valério Andrade, para que organizássemos uma nova
forma de festival. A essência do festival, diferente das outras
tentativas ou ações que existiam é que ele se fundamentaria num tripé:
formação (oficinas, palestras, debates), exibição (de filmes não só
potiguares)e discussões propositivas com os profissionais da área.
Infelizmente, o festival já na realização em seu primeiro ano só contou
com os trabalhos organizativos efetivos do Cineclube Natal e da Zoon
Fotografia. Desde então, mesmo que outras entidades ou pessoas tenham
sido convidadas para participarem da organização em cada um dos anos,
desde 2008, até hoje, 2012, nunca se integraram efetivamente na sua
organização.Quando muito participam de debates, exibições e discussões
propositivas.
2) OFICINAS, EXIBIÇÃO DE TRABALHOS E DISCUSSÃO PROPOSITIVA FORMAM O TRIPÉ DO GOIAMUM. QUANDO COMEÇARAM A SURGIR E QUAIS FORAM OS PRIMEIROS RESULTADOS?
Surgiram
desde a sua ideia de criação até a realização do primeiro Goiamum
Audiovisual, em 2007. Desde então, sempre foi o tripé que é mantida na
sua organização e realização. A cada ano, há um tema que "organiza' o
festival, ou seja procura-se integrar as atividades em torno desse tema.
Neste ano de 2012, o 6o. Goiamum Audiovisual tem como tema "No
Movimento das Marés", oferecendo cerca de 10 mostras,nacionais e
internacionais, além do 3o. Curta Goiamum, que é a única parte
competitiva do festival, realizado a partir de 2010, 4 oficinas
profissionalizantes, 7 palestras e 2 encontros e reuniões com os
profissionais do audiovisual potiguar e, neste ano, também da Paraíba.
Os resultados tem se acumulado ao longo dos anos: recolha dos filmes
potiguares, através do Projeto Desentoca, constituindo ano a ano um
acervo inestimável da produção audiovisual potiguar, documentos
encaminhados aos gestores públicos como resultado das discussões e de
demandas específicas, relações profissionais importantes com gestores
públicos locais, estaduais e do governo federal,através da Secretaria do
Audiovisual do Ministério da Cultura.
3) NO ANO DE 2009, O MINISTÉRIO DA CULTURA OFERECEU ESPONTANEAMENTE APOIO AO GOIAMUM, QUE POSSIBILITOU
A INSERÇÃO DO FESTIVAL NO CENÁRIO DO AUDIOVISUAL NACIONAL. QUAIS FORAM
OS PONTOS MAIS RELEVANTES PARA O RECONHECIMENTO DA IMPORTÂNCIA DESSE
PROJETO?
A
proposta inovadora de formação, exibição e discussões com a classe
diretamente interessada, aliada à seriedade encaminhada desde o
princípio, além do arrojo e quebra da timidez dos produtores locais de
se "jogar no mundo" e manter contato de maneira ampla com profissionais
de outros estados e no âmbito do governo federal que nesse período,
2007-2010, investiu muito na área do audiovisual como ação cultural e
educativa.
4) EM
2010 NENHUM TRABALHO LOCAL REALIZADO FOI SELECIONADO PELA COMISSÃO
JULGADORA DO GOIAMUM PARA REPRESENTAR O RN NA MOSTRA COMPETITIVA DE
CURTAS DE ATIBAIA EM SÃO PAULO. NA ÉPOCA VOCÊS RECEBERAM CRÍTICAS POR
ESSE POSICIONAMENTO, PORÉM ESSA ATITUDE PROVOCOU MUDANÇAS IMPORTANTES
NA QUALIDADE DOS TRABALHOS POSTERIORES. COMO VOCÊS CONSEGUIRAM ENFRENTAR
ESSES QUESTIONAMENTOS E MANTER A PROPOSTA DO PROJETO?
A
decisão de não selecionar nenhum produto potiguar para a 1a. Mostra
Competitiva de Curtas, já de início com caráter nacional, não foi
deliberada e nem fácil. Só se realizou quando tivemos quase 140 filmes
inscritos, de todo o Brasil, e se pode comparar os n osso filmes com o
estágio de produção de outros estados. De novo, mesmo com a celeuma
provocada no meio audiovisual potiguar e das muitas discussões havidas e
pela firmeza e transparência no processo (o júri se manteve coeso e
firme em sua decisão, apesar da pressões)fomos respeitados nessa decisão
e entendidos como um processo necessário de crescimento. Tanto que já
na sua 2a. edição, em 2011, novos filmes potiguares foram inscritos,
julgados como adequados, comparativamente com a produção nacional e,
mais importante, selecionados para a apreciação final e mais, aprovados!
5) QUAIS OS MAIORES DESAFIOS PARA PROMOVER O FESTIVAL E MANTÊ-LO NO CALENDÁRIO?
O
maior desafio é, sem nenhuma dúvida, a falta de uma política pública de
valorização da cultura e do audiovisual em particular. Essa é uma
característica permanente de nosso meio, tanto em nível municipal,
quanto estadual. Mesmo a criação dos editais como processo seletivo,
saindo do esquema anterior de compadrio vigente durante muitos anos, não
resolveu a situação já que os gestores públicos não honram os
compromissos assumidos, ou seja, ganha o edital, mas não leva, porque o
dinheiro não é liberado. Questão associada a essa é a falta de cultura
para apoiar projetos culturais por parte de nosso empresariado (falando
de forma geral). Poucos empresários enquanto pessoas esclarecidas e
menos ainda as empresas não sabem, ou não querem saber, que cultura é um
bom produto para colocar a sua marca. Isso significa que até o ano
passado tínhamos uma situação esdrúxula em que projetos aprovados nas
leis de incentivo fiscal, tanto a municipal, quanto a estadual, acabam
caducando por dificuldades de captação nas empresas, nos dois anos de
validade do projeto (o Goiamum também passou por essa situação
kafkiana, ou seja, ganhou, mas não levou, em 2010, pois não conseguiu
fazer a captação, mesmo com todo o seu reconhecimento nacional, mas não
foi suficiente para o nosso meio empresarial).
6)O
RN AINDA NÃO CONSEGUIU FORMAR SEU POLO AUDIOVISUAL. NA SUA OPINIÃO,
QUE NOS FALTA E QUAIS OS PRINCIPAIS EXEMPLOS QUE DEVEMOS COPIAR DOS
NOSSOS ESTADOS VIZINHOS COMO PERNAMBUCO E PARAÍBA, QUE VEM FORTALECENDO
SUAS POLÍTICAS DENTRO DESSA ÁREA?
Creio
que a principal é a inexistência de políticas públicas direcionadas à
cultura e no caso mais específico, ao meio audiovisual. Quando existe, a
prática demonstra que falta seriedade, firmeza e transparência nas
ações. Outra questão que vejo como muito séria é a falta de tradição
histórica e de massa crítica relacionada à própria classe de produtores
culturais e audiovisuais. Falta também consciência política para criar a
força da ação coletiva como a única efetivamente que poderia criar
mudanças significativas. Tudo isso junto, significa que ficamos andando
em círculos, sem força política para criar demandas e cobranças para o
gestor público, que por sua vez, não tem políticas definidas e ninguém
para cobrar de forma real e efetiva. No momento que tivermos essa
consciência política e crítica ficaremos par a par com nosso vizinhos,
como Pernambuco, Paraíba e Ceará, que estão anos-luz à nossa frente. Não
por obra do espírito santo, mas pelas histórias de vida e de cobranças
dos profissionais de lá.
7) O GOAIMUM 2012 SERÁ REALIZADO COM O APOIO DO BNB, COMO ISSO FOI POSSÍVEL E O QUE PÚBLICO E REALIZADORES PODEM ESPERAR?
Creio que seja uma
continuidade do processo de exposição, de transparência e de seriedade
contínuas da organização do Goiamum Audiovisual que acaba chamando a
atenção. Já tivemos parcerias com a Fundação Capitania das Artes, da
Prefeitura do Natal, com a Fundação José Augusto, do Governo do Estado,
com a Secretaria Extraordinária de Cultura, do mesmo Governo, com o
Ministério da Cultura, através da SAV, com o Conselho Nacional de
Cineclubes, com o SEBRAE, com o SESI, sempre sendo respeitado pelo
produto oferecido e pelos resultados mostrados. Neste ano tivemos o
reconhecimento do comitê julgador do Programa de Cultura do BNB - Banco
do Nordeste. Estamos continuamente ampliando o nosso círculo de
influências pelo produto que temos a oferecer que é um festival de
cinema de qualidade e respeito, que é o Goiamum Audiovisual.