quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Madrugada sou da lira manhãzinha de ninguém

Outro dia fui muito timidamente apresentar ao meu irmão mais velho um dueto novo de um samba moderno, ao final com um certo receio da sua reação, afinal o cara saca muito de música e de samba, ele me falou ainda mais timidamente:

- Isso é covardia com o meu coração!



 Já posso ser convidada para suas rodas de samba, né?


Eu invento o meu Pantanal

Os muros sujos, o sofá velho, o cantinho com pregos enferrujados, o pneu abandonado  no caminho da escola... tudo isso que me mexia, era na verdade fragmentos de poesia e eu não sabia.




Manoel de Barros quanta sorte é essa a minha de te encontrar!!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Fizeram da pureza e do amor divino um ato de ferocidade

Se estivesse vivo, Paulo Mendes Campos, um dos melhores cronistas brasileiros faria hoje noventa anos de idade. Durante muito tempo, li e rescrevi suas crônicas nos cadernos, em folhas avulsas... e nunca consegui jogá-las no lixo, nunca!

  

    RONDÓ DE MULHER SÓ

Estou só, quer dizer, tenho ódio ao amor que terei pelo desconhecido que está a caminho, um homem cujo rosto e cuja voz desconheço.

Sempre estive duramente acorrentada a essa fatalidade, amor. Muito antes que o homem surja em nossa vida, sentimos fisicamente que somos servas de uma doação infinita de corpo e alma.

O homem é apenas o copo que recebe o nosso veneno, o nosso conteúdo de amor. Não é por isso que o homem me atemoriza, quando aqui estou outra vez, só, em meu quarto: o que me arrepia de temor é este amor invisível e brutal como um príncipe.

Quando se fala em mulher livre, estremeço. Livre como o bêbado que repete o mesmo caminho de sua fulgurante agonia.

A uma mulher não se pergunta: que farás agora da tua liberdade? A nossa interrogação é uma só e muito mais perturbadora: que farei agora do meu amor? Que farei deste amor informe como a nuvem e pesado como a pedra? Que farei deste amor que me esvazia e vai remoendo a cor e o sentido das coisas como um ácido? É terrível o horror de amar sem amor como as feras enjauladas.

É quando o homem desaparece de minha vida que sinto a selvageria do amor feminino. Somos todas selvagens: são inúteis as fantasias que vestimos para o grande baile. Selvagem era a romana que ficava em casa e tecia; selvagens eram as mulheres do harém, as mais depravadas e as mais pudicas; selvagem, furiosamente selvagem, foi a mulher na sombra da Idade Média, na sua mordaça de castidade; mesmo as santas - e Santa Teresa de Ávila foi a mais feminina de todas - fizeram da pureza e do amor divino um ato de ferocidade, como a pantera que salta inocente sobre a gazela. E selvagem sou eu sob a aparência sadia do biquíni, olhando a mecânica erótica de olhos abertos, instruída e elucidada. Pois não é na voluntariedade do sexo que está a selvageria da mulher, mas em nosso amor profundo e incontrolável como loucura. O sexo é simples: é a certeza de que existe um ponto de partida. Mas o amor é complicado: a incerteza sobre um ponto de chegada.

Aqui estou, só no meu quarto, sem amor, como um espelho que aguarda o retorno da imagem humana. O resto em torno é incompreensível. O homem sem rosto, sem voz, sem pensamento, está a caminho. Estou colocada nesse caminho como uma armadilha infalível. Só que a presa não é ele - o homem que se aproxima - mas sou eu mesma, o meu amor, a minha alma. Sou eu mesma, a mulher, a vítima das minhas armadilhas. Sou sempre eu mesma que me aprisiono quando me faço a mulher que espera um homem, o homem. Caímos sempre em nossas armadilhas. Até as prostitutas falham nos seus propósitos, incapazes de impedir que o comércio se deixe corromper pelo amor. Quantas mulheres traçaram seus esquemas com fria e bela isenção e acabaram penando de amor pelo velhote que esperavam depenar. Somos irremediavelmente líquidas e tomamos as formas das vasilhas que nos contêm. O pior agora é que o vaso está a caminho e não sei se é taça de cristal, cântaro clássico, xícara singela, canecão de cerveja. Qualquer que seja a sua forma, depois de algum tempo serei derramada no chão. Os vasos têm muitas formas e andam todos eles à procura de uma bebida lendária.

Li num autor (um pouco menos idiota do que os outros, quando falam sobre nós) que o drama da mulher é ter de adaptar-se às teorias que os homens criam sobre ela. Certo. Quando a mulher neurótica por todos os poros acaba no divã do analista, aconteceu simplesmente o seguinte: ela se perdeu e não soube como ser diante do homem; a figura que deveria ter assumido se fez imprecisa.

Para esse escritor, desde que existem homens no mundo, há inúmeras teorias masculinas sobre a mulher ideal. Certo. A matrona foi inventada de acordo com as idéias de propriedade dos romanos. Como a mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita, muito docilmente a mulher de César passou a comportar-se acima de qualquer suspeita. Os Dantes queriam Beatrizes castas e intocáveis, e as Beatrizes castas e intocáveis surgiram em horda. A Renascença descobriu a mulher culta, e as renascentistas moderninhas meteram a cara nos irrespiráveis alfarrábios. O romancista do século passado inventou a mulherzinha infantil, e a mulherzinha infantil veio logo pipilando.

O tipos vão sendo criados indefinidamente. Médicos produzem enfermeiras eficientes e incisivas como instrumentos. Homens de negócios produzem secretárias capazes e discretas. As prostitutas correspondem ao padrão secreto de muitos homens. Assim somos. Indiquem-nos o modelo, que o seguiremos à risca. Querem uma esposa amantíssima - seremos a esposa amantíssima. Se a moda é mulher sexy, por que não serei a mulher sexy? Cada uma de nós pode satisfazer qualquer especificação do mercado masculino.

Seremos umas bobocas? Não. Os homens são uns bobocas. O homem é que insiste em ver em cada uma de nós - não a mulher, a mulher em estado puro ou selvagem, um ser humano do sexo feminino - o diabo, a vagabunda, a lasciva, o anjo, a companheira, a simpática, a inteligente, o busto, o sexo, a perna, a esportista... Por que exige de nós todos os papéis, menos o papel de mulher? Por que não descobre, depois de tanto tempo, que somos simplesmente seres humanos carregados de eletricidade feminina?

(O amor acaba: crônicas líricas e existenciais. 2a ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 63-65).

Eu sei que lá no fundo há tanta beleza no mundo, eu só queria enxergar...

Por isso eu me entrego,
a um imediatismo cego...






segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

BRock - O Rock Brasileiro dos Anos 80

Você tem curiosidade de saber  como foram os anos dourados do Rock Pop Brazuca?

O Livro BRock de Artur Dapieve  é enxuto e preciso, e  faz um extraordinário tour pelos caminhos musicais da década da redemocratização no Brasil.


               Arthur Dapieve

No livro, acontecimentos, inspirações,  intrigas, divisões, paixões... e todos cenários e bastidores do pop rock nos anos 80 aqui no Brasil.
 Blitz, Barão Vermelho, Ultraje a Rigor, Titãs, Engenheiros do Hawaii, Inocentes, Legião Urbana, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Plebe Rude, Biquini Cavadão, Kid Abelha, Ira, e outras dezenas de banda são mencionadas nesta obra.
Nas ilustrações do livro, fotos lendarias de ídolos e bandas do "NOSSO" rock tupiniquim.

Será que você vai conseguir reconhecer os caras!?
























 Pros que estão em casa, que tal rever uma das melhores composições (ao meu ver) do puro rock oitentista da Banda Hojerizah no vozeirão do incrível Toni Platão.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

OSCAR 2012 - PARTE III

Sei que estou aos quarenta e cinco do 2º Tempo, mas faço questão de falar sobre a minha terceira dica para o Oscar 2012. 
 Vidas Cruzadas é um bonita história, e não vai passar despercebida!

Eu daria sem pensar duas vezes a estatueta de melhor atriz para Viola Davis




 Skeeter é uma jovem  que retorna da faculdade para casa determinada a se tornar escritora. Para seu livro, ela decide entrevistar babás e empregadas negras da vizinhança, começando por Aibileen, com quem desenvolve uma forte amizade!
Na medida que avança nas entrevistas, Skeeter se dá conta das diferenças que a separam das mulheres negras. Baseado no livro A Resposta, de Kathryn Stockett.




Agora é esperar pra ver!


Treinamento de Paz - HAITI

Durante o período de 04 à 10 de fevereiro acompanhei o Treinamento do 16º Contigente da Companhia  de Engenharia de Força de Paz no Haiti. 

Registrar esse exercício que é a base do braço humanitário do Brasil no Haiti, me fez conhecer melhor a realidade dos haitianos e dos nossos soldados da paz.




PARTE II



O Contigente desembarcará em Março no Haiti.

Boa Sorte à todos!!!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

“Pery era todo Bossa”



Morreu no dia 24 de fevereiro aos 74 anos o cantor e compositor Pery Ribeiro. 
Ele sofreu um enfarte fulminante. 

Peri, era filho de rainha da voz Dalva de Oliveira  e Herivelto Martins  

Pery Ribeiro foi o primeiro a gravar a música brasileira mais interpretada mundo afora - “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, no álbum “Pery é Todo Bossa”, de 1963.


 Por ter morado nos  Estados Unidos por alguns anos, Pery Ribeiro talvez não seja muito conhecido pelas novas gerações. Porém, o cara  deixa belas gravações!!
 Além é claro de ter preservado durante toda sua vida, a memória dos seus  pais  ao mesmo tempo em que  desenvolveu o seu próprio papel na história cultural do país. 



A música "Não Devo Insistir" de Pery, foi gravada pela sua mãe, e fazia parte da playlist do meu pai. 

Não, eu não devo insistir
 Pois o amor que morreu já não pode voltar 
Não, não podia dar certo 
Nosso amor complicado só podia acabar 
Você não sentiu tudo que eu senti 
Para mim foi mais uma ilusão lhe querer 
Sim, foi melhor terminarAprendi a lição, 
pois no amor só se aprende a sofrer

Se todos os rios são doces, de onde o mar tira o sal?

Se todos os rios são doces, de onde o mar tira o sal?
Como sabem as estações do ano que devem trocar de camisa?
Por que são tão lentas no inverno e tão agitadas depois?
E como as raízes sabem que devem alçar-se até a luz e saudar o ar com tantas flores e cores?
É sempre a mesma primavera que repete seu papel?
E o outono?... ele chega legalmente ou é uma estação clandestina?


O poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973), foi um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX, e cônsul do Chile na Espanha e no México. Publicou seus primeiros poemas no periódico regional, A Manhã, na cidade de Temuco.

Minha Profissão é Andar

No Comecinho da década de 90, o livro "Minha Profissão é Andar"  caiu por acaso nas minhas mãos, e durante alguns dias devorei suas páginas até enquanto mexia a papinha do meu primeiro filho.


A narrativa construída na primeira pessoa expõe sem dramaticidade as dificuldades vividas e vencidas pelo jovem João Carlos Pecci que sofreu um acidente de carro na Via Dutra em 1968, onde sofreu fratura na sexta vértebra cervical ficando paraplégico. 
Recomeçar e reaprender a viver são seus maiores desafios!
 

“Meu andar não faz pegadas no chão, mas deixa marcas nas alturas do buscar, do aprender, do realizar. Meu andar agora é renascer aquisições da existência; acrescentar-me; evoluir.”



Ainda nas primeiras páginas você descobre que o cara é irmão do Toquinho!
  João Carlos Pecci além de escritor, agora  também é artista plástico.



Uma excelente história real sobre limitações e superações


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

OSCAR 2012 - PARTE II





Tão Forte e Tão Perto me pegou pelo belíssimo Trailer

Mas não foi só isso. A história baseada no livro Extremamente alto e incrivelmente perto(isso já conta ponto) traz de uma maneira delicada aquelas sensações de felicidade que antecede uma tragédia, o amor que se sente pelas pessoas próximas que por um golpe do destino tornam-se distantes, a  morte  e a sua dor.




 Aposto minhas fichas também nessa linda adaptação!




Exílio

Tenho consciência da minha condição de exilada.



Mas, é justamente nas minhas readaptações que encontro ainda mais força e coragem!

Meus Rabiscos

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quando se vê passaram 50 anos!


 A vida são deveres que nós trouxemos para fazer em casa
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é Natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê não sabemos mais por onde andam nossos amigos...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casaca dourada e inútil das horas...
Eu seguraria todos os meus amigos, que já não sei como e onde eles estão e diria: vocês são extremamente importantes para mim
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
Dessa forma eu digo, não deixe de fazer algo que gosta devido a falta de tempo
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

                                                                            Mário Quintana



OSCAR 2012 - PARTE I



Nunca estive tão indecisa diante da maior premiação do Cinema.
Esse ano quatro filmes tomam conta de mim!!!
Como a Estatueta não pode ser dividida, classificarei meu palpite de acordo com minhas inúmeras emoções, e a primeira dela foi com A deslumbrante sequência de:


A Invenção de Hugo Cabret 



 Um menino órfão, Paris nos anos 30, Fantasias, Aventura, Cinema, Brinquedos e Scorsese usando o 3D para potencializar os efeitos com muita magia, fazem desse filme o meu preferido!


 Cena de A invenção de Hugo Cabret: a sociedade humana como engrenagem

"Técnica e imaginação, ciência e afeto, indústria e arte são binômios que se completam em Hugo e no grande cinema em geral. Criador compulsivo e essencialmente otimista, Scorsese lamenta o que se perde ao longo da história, mas enfatiza o que se mantém e se perpetua. Parafraseando Paulinho da Viola, ele não vive no passado; o passado é que vive nele."

Por José Geraldo Couto






terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Outros Olhares...


Enquanto Las niñas Argentinas Patrícia Lorena e Sandra Edith 

 conheciam e comiam a nossa seriguela, corria um papo solto  sobre Música, Cinema, lugares... 
  

E elas recomendam um olhar para:




 O Drama O Segredo dos Seus Olhos que ganhou o Oscar em 2010 como melhor Filme Estrangeiro
 
http://youtu.be/T-8w1HrHQYU 

O Filme Medianeras que fala  sobre a  Era do Amor Virtual

E lugares como o Bairro de San Telmo rico em antiguidades




E o Parque Rosedal



Tudo em Buenos Aires
 Buenos consejos!!!

Amanhã mesmo sairei em busca dos filmes e quanto aos lugares já me vejo em breve andando pelas ruas de San Telmo e correndo pelo Rosendal descalça e você?

Ah! e quanta a música...eles adoram a nossa MPB!!!


Rádio, Guitarra, Poesia, Música e Cinema!!

 Elizabeth Biglione

 Nas ondas do rádio, ela fez sucesso na década de 90. Todo mundo gostava de ouvi-la na FM Tropical, com seu jeito alegre e sempre descontraído

Tímida, me escondi no pseudônimo de Anne Frank e enviava para o seu programa no ano de 2003 alguns textinhos que escrevia e guardava escondido a sete chaves!
Meses depois lá estava  frente à frente autora e locutora!! 
Juntas,  produzimos especiais inesquecíveis para o seu programa diário "Marmitão", na FM Tropical.
 De lá pra cá a vida nunca mais nos separou! 
  
Sempre apaixonada por música, ela se apaixonou e casou com um cara que é o cara!!
O mais brasileiro que argentino, o hermano Victor Biglione, um dos mais perfeitos guitarrista!!


Que também faz música para o Cinema!!

Apaixonados por música, eles agora dividem o mesmo universo só que juntinhos, muito juntinhos mesmo! Assim como  a camisa e o botão, como a caneta e o papel, como a chuva no verão...Assim como deve ser quando estamos amando, né?

 E se você ainda não conhece o cara, olha só o que ele fez com a Cássia Eller lá no comecinho da carreira dela em tributo a uma certa....Janis Joplin!

CORUJAS E PITANGAS