sexta-feira, 8 de julho de 2016

MEU FILME INESQUECÍVEL - Michelle Ferret






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Poderia ser “A Festa da Menina Morta” de Matheus Nachtergaele ou o “Céu de Suely “de Karin Ainouz, mas o filme que marcou muito minha vida e ainda revisito diferentes vezes é Lluvia (2008). Um argentino da diretora Paula Hernández.





Tem filmes que nos faz chover por dentro. Lluvia é um desses. Dirigido por Paula Hernández, Chuva começa partindo. No fim de um relacionamento, Alma (Valéria Bertuccelli) decide colocar alguns pedaços de sua vida em um carro e ir embora sem destino. O filme se passa em uma chuva, intensa, num inverno rigoroso de Buenos Aires e nos faz ver através das janelas o embaçar da vida. No engarrafamento, o ocaso se faz em meio ao movimento turvo dos olhos. Um homem em fuga atrapalha sua solidão. Roberto (Ernesto Alterio) encontra Alma no seu despedaço e assim a história começa. Um descobrimento de mundos e a possibilidade de desprender-se de si para enxergar o outro.





Nessa partida e chegada, Alma reencontra suas dores e seus desejos. E ali me vi. De uma maneira forte e única. É muito raro um filme me tocar dessa forma. Lembro que eu estava cobrindo o festival de Gramado de 2009 e entre os longas da mostra competitiva estava Lluvia. Confesso que demorei para sair da cadeira depois. Quando se cobre um festival se assiste aos filmes, principalmente os da mostra competitiva com olhar mais crítico, organizando as idéias para a escrita e o cuidado de perceber a fotografia, o roteiro, a direção de arte, a narrativa, a direção com calma e discernimento. Abandonei todas as letras ali e me permiti viver e respirar Alma.


Por isso carrego comigo todos os dias essa mulher e esse filme. Agora enquanto escrevo, chove e não tem como ser escorrida junto nos telhados e nos vidros da janela junto com a sensação do filme. É sobre solidão e dor, é sobre o amor, próprio, aquele que a gente dispensa por muitas vezes por nada e na vida é preciso reencontrar, mesmo que seja num susto, num engarrafamento ou até mesmo numa chuva que daqui a pouco passa.









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CORUJAS E PITANGAS