sexta-feira, 29 de março de 2013

Fui provocada






A sessão classificada como “Cult”  começou com a sala 5 quase lotada. Minha cabeça que já habitava o território das manhas do imaginário, contava cada segundo pra começar o filme que vem recebendo diversas críticas positivas e um lugar na lista do New York Times. Mas, minha ansiedade era também para ter mais uma vez a certeza do "Novo Cinema" que nasce no Brasil, mas precisamente em Pernambuco. Logo nos primeiros minutos entrei pela contramão da evasão e refúgio. Penetrei  numa primorosa ficcional realidade. Locações, fotografia, figurino, maquiagem, objetos de cena, e uma natural interpretação dos atores(profissionais ou não) iam enriquecendo e tornando convincente a narrativa, sem dúvida guiada por um Roteiro bem construído e amarrado. A quase ausência de trilha sonora enaltece  um belíssimo SOM DIRETO que ocupa  seu lugar de honra na telona. Porém, a entrada surpreendente da belíssima “Charles, Anjo 45” me fez  sentir um esplâncnico esquecimento do mundo.  Penetrei abismos pessoais e sociais, abri e fechei portas. Vi através de janelas, grades e portões. Senti inquietações. Fui provocada pelos seus silêncios.Opressão, desigualdades e o coronelismo ressurgem da Casa Grande e Senzala sob uma nova e aguçada visão.“O SOM AO REDOR” não nos redime das ilusões cotidianas, ele nos coloca diante delas de maneira consciente e sensível. 







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CORUJAS E PITANGAS