Pelo sobrenome você já percebeu que o SET
foi preparado para explorar o universo de um cara que fez da sua paixão
pela música sua filosofia de vida.
Apesar de nunca ter tirado som de instrumento musical o
nosso “Hendrix” sabe de tudo quando o
assunto é solos de guitarra. Ele respira, come e bebe ROCK da melhor qualidade.
Natural de Monte Alegre (RN), ele chegou a Natal no ano de
1965. Concluiu o curso de Eletrotécnica na ETFRN (atual IFRN), graduou-se em
Engenharia Elétrica pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte e trabalhou durante anos na
COSERN. Mas como a música sempre foi sua melhor companhia, atualmente o
cara é dono de um dos maiores sebos de
discos de vinil da cidade.
Foi com um exagerado carinho que lancei meu olhar sobre:
REGINALDO FERREIRA DA SILVA, ou melhor:
1) O QUE TE INFLUENCIOU A GOSTAR TANTO DE MÚSICA?
Minha mãe
me colocava pra dormir numa rede e ficava cantando... Eu adorava! Esse foi sem
dúvida meu primeiro despertar musical.
Aos sete anos quando cheguei à
Natal, estava no auge a Jovem Guarda e
então comecei a conhecer e a gostar do som de Renato e seus Blues Caps, Roberto
Carlos, Jerry Adriani, Leno e Lilian, The Beatles e outros. Na minha casa não
havia radiola (rádio AM+toca-discos), porém já comprava compactos (aqueles
discos pequenos) e LPs usados e, na maior cara de pau (risos), ia para casa de
amigos e pedia para ouvi-los. Em 1973,
depois de muita insistência meu pai comprou uma radiola onde passei a ouvir os vinis com maior
tranquilidade.
2) COMO VOCÊ GANHOU ESSE APELIDO?
Foi nos anos 70. Eu participava de uma espécie de confraria
onde amigos se reuniam, nos sábados à tarde, para conversar sobre rock em
frente à cigarreira do Jácio (atual dono do sebo Catalivro) no bairro do
Alecrim. Lá, cada um tinha um apelido de acordo com suas preferências musicais.
Como eu já era muito fã do Jimi Hendrix, ganhei o apelido que ficou até hoje.
3) ALÉM DO RÁDIO, TV E
DOS DISCOS, O ROCK TAMBÉM CHEGAVA PELO CINEMA?
Sim. Na
adolescência frequentava pequenos
cinemas tais como: o Cinema de Dona Betinha (que ficava no Educandário Dom
Pedro II), o São Pedro, o São José e o São Sebastião (o famoso Pulguinha da Av.
10), a maioria, no bairro do Alecrim. Mas, foi no final dos anos 70 no Cinema
Rio Grande que ficava na Cidade Alta, que assisti a dois memoráveis shows de
rock. Lá foram exibidos os
shows “The Song Remains The Same” do Led Zeppelin e “Let There Be Rock” do
AC/DC. Um acontecimento extraordinário para quem curtia rock em Natal. Lembro-me que foi um tremendo
sufoco para chegarmos (na marra!) à bilheteria e comprarmos os ingressos devido
à enorme multidão que se encontrava lá fora.
4) NA DÉCADA DE 80 VOCÊ E UM AMIGO ABRIRAM O FAMOSO SEBO
“WHIPLASH DISCOS” QUE LOGO VIROU PONTO
OBRIGATÓRIO DA TRIBO ROQUEIRA DA CIDADE. FALE UM POUCO SOBRE ISSO.
Eu e meu
amigo Luziano Augusto, que ficou conhecido por Luziano "Rock Stanley"
(devido ao sobrenome do vocalista do Kiss), juntamos nossos acervos de discos e
abrimos o sebo Whiplash Discos na Av. Salgado Filho. Na época, o sucesso foi
tão grande que em menos de trinta dias passamos também a vender LPs novos. Esse
grande impulso nas vendas foi motivado pelo movimento musical inglês “Nova Onda
do Heavy Metal Britânico (NWOBHM)” que em meados dos anos 80 eclodiu na Europa
e nos EUA. Todo mundo queria ouvir bandas como o Iron Maiden, Metallica, Judas
Priest, Saxon, etc. e quem gostava de rock em Natal sabia que na Whiplash
encontraria os melhores lançamentos. O local passou a ser muito frequentado e
tornou-se um ponto de encontro obrigatório para todos que consumiam e gostavam
de trocar informações sobre as bandas do estilo.
5) NOS ANOS 90 A WHIPLASH QUASE FECHOU, O QUE ACONTECEU?
Com o “boom” do CD houve uma queda muito grande nas vendas
dos LPs. Por outro lado, nessa mesma
década, o Luziano adoeceu e faleceu
vitimado por uma leucemia fulminante. Isso causou uma enorme comoção no cenário
do metal potiguar e como eu tinha uma outra atividade profissional não pude
conciliá-las. Posteriormente, o Júnior Whiplash (irmão do Luziano) fundou o
Whiplash Bar (anexo à antiga loja) que
atende até hoje à nova geração de roqueiros/metaleiros assim como a dos
antigos.
6) NO ANO DE 2010 VOCÊ ABRIU
O SEBO SUNRISE QUE TAMBÉM JÁ VIROU UM CANTINHO PARA OS ROQUEIROS
NATALENSES E ATÉ PARA PESSOAS DE VÁRIAS PARTES DO PAÍS QUE BUSCAM
RARIDADES MUSICAIS EM VINIL. COMO FOI ESSA RETOMADA?
Após
dissolver a Whiplash Discos, muitas coisas aconteceram e mudaram os rumos da
minha vida. Fui sócio-fundador de um provedor de Internet e assumi vários
cargos públicos, mas nunca deixei de ouvir e comprar vinis. Um dia, por
intermédio da amiga Vera esposa do Jácio do Catalivro, soube que havia um ponto
à venda no Mercado de Petrópolis e de tanto ela me incentivar acabei adquirindo
o ponto com o intuito de montar um sebo. Confesso que adorei a idéia, mas não
tinha a quantidade de dinheiro suficiente para a aquisição. Mas, com ajuda de
leais amigos foi possível realizar a compra num tempo muitíssimo curto.
Portanto, hoje a SUNRISE é uma realidade devida a esses estimados amigos e
possui no seu acervo os mais variados discos da Jovem Guarda, Bossa Nova, MPB,
Tropicalismo, Blues, Jazz e claro, muito ROCK!!!
7) O MERCADO DE DISCOS DE VINIL VEM CRESCENDO POR TODA PARTE.
AO QUE VOCÊ ATRIBUI ESSA PROCURA QUE PELO JEITO NÃO É UMA FEBRE PASSAGEIRA.
Obras de arte! Aos vários modelos dos toca-discos e à
visão dos vinis sendo tocados, além do seu som analógico (mas “doce” aos nossos
ouvidos do que o som digital). Por outro
lado, a faixa etária dos clientes da Sunrise varia dos 15 aos 60 anos. Isso é
muito legal pois uma nova geração está tendo acesso à música de qualidade. Vou citar um fato
interessante ocorrido ano passado: um dia, chegou ao sebo um garoto com cerca de
20 anos procurando pelo álbum “British Steel” (aquele da lâmina de barbear) do
Judas Priest, mostrei no painel que tinha o CD lacrado e para minha surpresa
ele rejeitou o CD alegando que estava interessado mesmo era no vinil e que não
se interessava por CDs pois se ele os desejasse, os baixaria da Internet!
Fiquei boquiaberto ....
Hoje disponho de um acervo com cerca de 2.500 vinis
(nacionais e importados) que guardo e conservo com muito zelo pois a boa música
tem sido minha companheira desde a infância.
"Quando eu morrer, continuem tocando os discos"
Jimi Hendrix
Conheci Reginaldo em um stand numa das edições da CIENTEC.
Apaixonada por discos, fiquei encantada com seu acervo. Fui três vezes ao SUNRISE até concluir nossa conversa regada a café com leite e tapioca. Adorei!
Ele é um almanaque, uma preciosidade musical em pessoa e
o SEBO SUNRISE é um daqueles cantinhos que você entra e não quer mais sair.
SUNRISE ROCK STORE FICA NO MERCADO DE PETRÓPOLIS
ABERTO DE SEG.À SEX : 10:00 às 14:00
AOS SÁBADOS : 09:00 às 15:00
TELEFONE - 8746 1682
Um comentário:
Excelente entrevista com Reginaldo Hendrix, um dos capítulos do rock no Rio Grande do Norte. Parabéns ao mestre e à blogueira Suerda Morais pela sensibilidade demonstrada ao trazer a lume um pouco da rica história de vida e profissional de Régio Hendrix.
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