quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

UM SET PARA: REGINALDO HENDRIX


Pelo sobrenome você já percebeu que o  SET  foi preparado para explorar o universo de um cara que fez da sua paixão pela música sua filosofia de vida.
Apesar de nunca ter tirado som de instrumento musical o nosso “Hendrix” sabe de  tudo quando o assunto é solos de guitarra. Ele respira, come e bebe ROCK da melhor qualidade.
Natural de Monte Alegre (RN), ele chegou a Natal no ano de 1965. Concluiu o curso de Eletrotécnica na ETFRN (atual IFRN), graduou-se em Engenharia  Elétrica  pela   Universidade Federal do Rio Grande do Norte e trabalhou durante anos na COSERN. Mas como a música sempre foi sua melhor companhia, atualmente o cara  é dono de um dos maiores sebos de discos de vinil da cidade.
Foi com um exagerado carinho que lancei meu olhar sobre: REGINALDO FERREIRA DA SILVA, ou melhor:





  


  1)  O QUE TE INFLUENCIOU A GOSTAR TANTO DE MÚSICA?


     Minha mãe me colocava pra dormir numa rede e ficava cantando... Eu adorava! Esse foi sem dúvida meu primeiro despertar musical.  Aos sete anos quando cheguei  à Natal,  estava no auge a Jovem Guarda e então comecei a conhecer e a gostar do som de Renato e seus Blues Caps, Roberto Carlos, Jerry Adriani, Leno e Lilian, The Beatles e outros. Na minha casa não havia radiola (rádio AM+toca-discos), porém já comprava compactos (aqueles discos pequenos) e LPs usados e, na maior cara de pau (risos), ia para casa de amigos e pedia para ouvi-los.  Em 1973, depois de muita insistência meu pai comprou uma radiola  onde passei a ouvir os vinis com maior tranquilidade.
            
   2)  COMO VOCÊ GANHOU ESSE APELIDO?
    Foi nos anos 70. Eu participava de uma espécie de confraria onde amigos se reuniam, nos sábados à tarde, para conversar sobre rock em frente à cigarreira do Jácio (atual dono do sebo Catalivro) no bairro do Alecrim. Lá, cada um tinha um apelido de acordo com suas preferências musicais. Como eu já era muito fã do Jimi Hendrix, ganhei o apelido que ficou até hoje.

   3) ALÉM DO RÁDIO, TV  E DOS DISCOS, O ROCK TAMBÉM CHEGAVA PELO CINEMA?

      Sim. Na adolescência frequentava  pequenos cinemas tais como: o Cinema de Dona Betinha (que ficava no Educandário Dom Pedro II), o São Pedro, o São José e o São Sebastião (o famoso Pulguinha da Av. 10), a maioria, no bairro do Alecrim. Mas, foi no final dos anos 70 no Cinema Rio Grande que ficava na Cidade Alta, que assisti a dois memoráveis shows de rock. Lá foram exibidos os shows “The Song Remains The Same” do Led Zeppelin e “Let There Be Rock” do AC/DC. Um acontecimento extraordinário para quem curtia  rock em Natal. Lembro-me que foi um tremendo sufoco para chegarmos (na marra!) à bilheteria e comprarmos os ingressos devido à enorme multidão que se encontrava lá fora.

  4) NA DÉCADA DE 80 VOCÊ E UM AMIGO ABRIRAM O FAMOSO SEBO “WHIPLASH DISCOS” QUE  LOGO VIROU PONTO OBRIGATÓRIO DA TRIBO ROQUEIRA DA CIDADE. FALE UM POUCO SOBRE ISSO.

     Eu e meu amigo Luziano Augusto, que ficou conhecido por Luziano "Rock Stanley" (devido ao sobrenome do vocalista do Kiss), juntamos nossos acervos de discos e abrimos o sebo Whiplash Discos na Av. Salgado Filho. Na época, o sucesso foi tão grande que em menos de trinta dias passamos também a vender LPs novos. Esse grande impulso nas vendas foi motivado pelo movimento musical inglês “Nova Onda do Heavy Metal Britânico (NWOBHM)” que em meados dos anos 80 eclodiu na Europa e nos EUA. Todo mundo queria ouvir bandas como o Iron Maiden, Metallica, Judas Priest, Saxon, etc. e quem gostava de rock em Natal sabia que na Whiplash encontraria os melhores lançamentos. O local passou a ser muito frequentado e tornou-se um ponto de encontro obrigatório para todos que consumiam e gostavam de trocar informações sobre as bandas do estilo.

   5) NOS ANOS 90 A WHIPLASH QUASE FECHOU, O QUE ACONTECEU?

     Com o “boom” do CD houve uma queda muito grande nas vendas dos LPs. Por outro lado, nessa  mesma década,  o Luziano adoeceu e faleceu vitimado por uma leucemia fulminante. Isso causou uma enorme comoção no cenário do metal potiguar e como eu tinha uma outra atividade profissional não pude conciliá-las. Posteriormente, o Júnior Whiplash (irmão do Luziano) fundou o Whiplash  Bar (anexo à antiga loja) que atende até hoje à nova geração de roqueiros/metaleiros assim como a dos antigos.

  6) NO ANO DE 2010 VOCÊ ABRIU  O SEBO SUNRISE QUE TAMBÉM JÁ VIROU UM CANTINHO PARA OS ROQUEIROS NATALENSES E ATÉ PARA PESSOAS DE VÁRIAS PARTES DO PAÍS QUE  BUSCAM  RARIDADES MUSICAIS EM VINIL. COMO FOI ESSA RETOMADA?

     Após dissolver a Whiplash Discos, muitas coisas aconteceram e mudaram os rumos da minha vida. Fui sócio-fundador de um provedor de Internet e assumi vários cargos públicos, mas nunca deixei de ouvir e comprar vinis. Um dia, por intermédio da amiga Vera esposa do Jácio do Catalivro, soube que havia um ponto à venda no Mercado de Petrópolis e de tanto ela me incentivar acabei adquirindo o ponto com o intuito de montar um sebo. Confesso que adorei a idéia, mas não tinha a quantidade de dinheiro suficiente para a aquisição. Mas, com ajuda de leais amigos foi possível realizar a compra num tempo muitíssimo curto. Portanto, hoje a SUNRISE é uma realidade devida a esses estimados amigos e possui no seu acervo os mais variados discos da Jovem Guarda, Bossa Nova, MPB, Tropicalismo, Blues, Jazz e claro, muito ROCK!!!

  7) O MERCADO DE DISCOS DE VINIL VEM CRESCENDO POR TODA PARTE. AO QUE VOCÊ ATRIBUI ESSA PROCURA QUE PELO JEITO NÃO É UMA FEBRE PASSAGEIRA.

     Obras de arte! Aos vários modelos dos toca-discos e à visão dos vinis sendo tocados, além do seu som analógico (mas “doce” aos nossos ouvidos do que o som digital).  Por outro lado, a faixa etária dos clientes da Sunrise varia dos 15 aos 60 anos. Isso é muito legal pois uma nova geração está tendo acesso à  música de qualidade. Vou citar um fato interessante ocorrido ano passado: um dia, chegou ao sebo um garoto com cerca de 20 anos procurando pelo álbum “British Steel” (aquele da lâmina de barbear) do Judas Priest, mostrei no painel que tinha o CD lacrado e para minha surpresa ele rejeitou o CD alegando que estava interessado mesmo era no vinil e que não se interessava por CDs pois se ele os desejasse, os baixaria da Internet! Fiquei boquiaberto ....
     Hoje disponho de um acervo com cerca de 2.500 vinis (nacionais e importados) que guardo e conservo com muito zelo pois a boa música tem sido minha companheira desde a infância.



"Quando eu morrer, continuem tocando os discos"
                                                       Jimi Hendrix


Conheci Reginaldo em um stand numa das edições da CIENTEC.
 Apaixonada por discos, fiquei encantada com seu acervo. Fui três vezes ao SUNRISE até concluir nossa conversa  regada a café com leite e tapioca. Adorei!
Ele é um almanaque, uma preciosidade musical em pessoa e 
o SEBO SUNRISE é um daqueles cantinhos que você entra e não quer mais sair.





SUNRISE ROCK STORE  FICA NO MERCADO DE PETRÓPOLIS
ABERTO DE SEG.À SEX : 10:00 às 14:00 
AOS SÁBADOS : 09:00 às 15:00
TELEFONE - 8746 1682



Um comentário:

Paulo Jorge Dumaresq disse...

Excelente entrevista com Reginaldo Hendrix, um dos capítulos do rock no Rio Grande do Norte. Parabéns ao mestre e à blogueira Suerda Morais pela sensibilidade demonstrada ao trazer a lume um pouco da rica história de vida e profissional de Régio Hendrix.

CORUJAS E PITANGAS