domingo, 17 de agosto de 2014

UM SET PARA: EMANUEL DIAS



               Conheci Emanuel Dias através da curadoria do Ancorá - Curta Ambiental Nordeste https://www.facebook.com/ancora2014?fref=ts
 Desde os primeiros minutos do seu Curta "Quando Eu Crescer", que foi o
vencedor do Prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popular do Festival, senti uma necessidade de mergulhar no universo dessa  história vigorosa, terna e pulsante!
É com muito orgulho e carinho que através do "Estação Olhar Meu"  lanço e compartilho um pouco 
da história de José Deyvison, um  filme que me encanta sempre que assisto.



                                                    https://www.facebook.com/emanueljmd?fref=ts


    1)COMO VOCÊ CONHECEU E QUAIS OS MOTIVOS QUE TE LEVARAM A FAZER UM FILME SOBRE UMA FAMÍLIA QUE SOBREVIVIA DO LIXO?

Bom, o filme surgiu quando eu estava no curso de produção para documentário, e o professor pediu que fizéssemos um argumento de alguma história real. Eu fiz no primeiro momento um argumento bem ficcional, quando o professor aprovou a história cai em campo à procura dos personagens do filme. Segui com algumas pessoas da equipe para o lixão a procura de alguma família com o perfil do argumento, tentamos contatos com as pessoas de lá do lixão, mas nenhuma quis falar conosco, depois de muito procurar conhecemos uma senhora chamada Dª Lara que morava no lixão da cidade há mais de 40 anos e criou todos os filhos lá, e apenas um conseguiu sair do lixão e ser pintor no interior de Pernambuco, ela nos contou várias histórias tristes da realidade das pessoas dali em seguida ela nos levou para escola da comunidade.

Chegando à escola conheci a diretora da escola que foi me deixar a par da realidade das crianças, ela me contou algumas histórias que se eu for contar aqui vão ser várias páginas (risos) conheci as crianças da escola mas só conheci o José Deyvison no 3 dia de pesquisa do filme quando eu cheguei na escola ele estava mostrando a diretora a “roupa nova que a mãe dele havia dado” só que o novo tinha sido achada no dia anterior no lixão, Deyvison ele era a única criança da escola que usava roupas e sapatos maiores que o pés dele. Mesmo assim ele era uma criança feliz.

Ele era uma criança repleta de luz, alegre e comunicativo, ele era dos alunos o mais participativo e que mesmo com as atribulações da vida chegava com as atividades propostas feitas, só não era muito bom em português nas demais disciplinas escolares ele sempre tirava notas boas.




      2) UMA DAS CARACTERÍSTICAS MARCANTES DO FILME É A NATURALIDADE
COMO OS DEPOIMENTOS FORAM CAPTADOS, QUAIS FORAM SUAS REFERÊNCIAS  E INFLUÊNCIAS?

              Desde pequeno tive uma vivência muito grande com trabalhos sociais, então de certa forma já tinha uma certa familiaridade, referencia audiovisual eu tive o filme chamado “ Estamira”, um filme bem visceral que te leva a força para uma realidade que existe e que é bem próxima de todos nós. 





3) SABEMOS QUE DIFERENTE DA FICÇÃO, DOCUMENTÁRIOS POSSUEM ROTEIROS MAIS ABERTOS AO ACASO.
ACONTECERAM  ELEMENTOS SURPRESAS NAS FILMAGENS QUE VOCÊ DESTACARIA COMO SIGNIFICATIVOS?
            
            Tivemos dois momentos; Um foi no primeiro dia de gravação que seria a noite no lixão para gravar com a família, só que no dia da gravação a família não foi e eu levei toda a equipe para o lixão sem segurança e com os equipamentos de cinema que são caros e tive que arriscar, por que a polícia não foi e precisávamos gravar o filme que nessa noite não gravamos.

No dia seguinte quando chegamos para gravar com o Deyvison que ele viu a equipe chegar com toda a parafernália cinematográfica  e ainda uma equipe de TV que foi fazer a cobertura jornalística ele saiu correndo e foi pra diretoria chorar, pois como ele nunca tinha visto tudo aquilo ele ficou com medo levamos quase duas horas para convencê-lo a gravar o filme, e só conseguimos quando ele começou a jogar futebol, ai ele ficou a vontade pra gravar. 





4) SE VOCÊ TIVESSE A OPORTUNIDADE DE FILMAR NOVAMENTE, VOCÊ FARIA ALGUMA  COISA DIFERENTE? 


 Eu não mudaria nada não, só faria uma continuação, mostrando o poder transformador que a arte e a educação têm. Já tínhamos articulado uma série de coisas para ele, mas infelizmente não deu tempo.


5) O QUE MAIS TE EMOCIONOU AO CONTAR ESSA HISTÓRIA?
            
            Não ter dado tempo de levá-lo ao cinema para ele se vê na telona, minha grande tristeza até hoje é essa, ele estava numa expectativa muito grande de se vê na telona, é tanto que ele dizia a todo mundo que daqui a pouco eu iria levar ele pra levar ele pra se ver na “televisão grande”.




6) VEMOS NO FILME UMA ABORDAGEM DE DIVERSOS PROBLEMAS SOCIAIS QUE PERMEIAM NOSSA SOCIEDADE. QUAL O MAIS DOLOROSO QUE AFLIGIA JOSÉ DEYVISON E  SUA FAMÍLIA?



A incerteza de não ter dinheiro para comer e pagar o aluguel.O sonho do pai de Deyvison era poder proporcionar algo melhor para os filhos e o mesmo lamentava por não poder oferecer algo melhor para eles.       


         

7) QUAL O PRINCIPAL APRENDIZADO QUE ESSA EXPERIÊNCIA  TROUXE PRA VOCÊ, AO USAR A LINGUAGEM DO CINEMA  PARA ABORDAR E REFLETIR SOBRE OS NOSSOS PROBLEMAS SOCIAIS?


Aprendi a valorizar mais e reclamar menos, não sou a melhor pessoa do mundo, mas busco fazer a minha parte como cidadão e como habitante deste plano. Sim, a proposta é justamente essa refletir, analisar e rever conceitos de vida. O filme mostra a leveza de uma criança que mesmo tendo tudo dando errado, vivendo em situação de penúria vive feliz e agradece a vida que tem. A missão do filme está aí aprender a ser feliz com o que tem, por que tudo aqui nesse plano é muito  “por em quanto”. E precisamos buscar em sermos melhores como pessoas e mais solidários com a necessidade alheia.



                                      CURTA - QUANDO EU CRESCER


Um comentário:

Valber disse...

Felicidades Manu você é muito especial em tudo o que faz!

CORUJAS E PITANGAS