quinta-feira, 1 de novembro de 2012

UM SET PARA: GIANFRANCO MARCHI


Filho de italiano, ele  adorava ouvir os comentários que seu pai, Giovanni Marchi  fazia sobre filmes que assistia na Itália antes de fugir para o Brasil na segunda guerra mundial. E foi o Expressionismo do Cineasta Austríaco naturalizado americano  Fristz Lang, e especialmente o filme "METRÓPOLIS" que marcou sua adolescência.

Hoje, o SET foi preparado  especialmente para um cara que respira  a  Sétima Arte:






1 -  Como nasceu a sua paixão pelo Cinema?

Desde muito cedo... Mas as lembranças de, efetivamente, apreciar um filme remontam aos cinco anos de idade, quando vi pela primeira vez "Dumbo". Depois disso, assistia a tudo que passava na TV aberta e, com o advento do videocassete, me tornei assíduo freqüentador das saudosas locadoras de vídeo. Foi nesse contexto que construí minha identidade cinéfila.

2 -  Quando e quais filmes exerceram influências e marcaram sua vida?

Por volta dos cinco anos comecei a assistir sistematicamente filmes, iniciando com desenhos mais famosos da Disney, como "Dumbo", desde que disponíveis, na época, para locação. Com o tempo, passei a não ter nenhum preconceito com gêneros de cinema, sendo que os filmes de terror, mesmo com minha tenra idade, se tornaram rapidamente uma preferência.

Nesse sentido, posso dizer que minha primeira influência foi a Disney. Logo depois, clássicos do terror/suspense como "Alien", "Enigma do Outro Mundo", "Um Lobisomem Americano em Londres", dentre outros. Com o tempo, descobri Stanley Kubrick, fato que abriu consideravelmente meus horizontes. Mas temos de entender que o universo cinéfilo de Natal nas décadas de 80 e 90 era limitado às videolocadoras, cujo acervo era extremamente limitado. Sendo assim, só tive a oportunidade de ser apresentado a grandes clássicos com o florescer do DVD e do mercado de home video, bem como, posteriormente, a popularização da Internet. Dentro desse novo contexto, fui exposto ao filme que talvez mais tenha marcado minha vida, "Metropolis", de Fritz Lang. A contemporaneidade dessa fenomenal obra expressionista, realizada nos anos trinta, me mostrou que o bom cinema não conhece amarras de tempo e espaço: é imortal.

3 -  O Cinema traz em si diversas artes e isso faz da linguagem cinematográfica uma das mais completas. Além do entretenimento, o que mais o Cinema provoca em você?

Para mim, o bom filme é aquele que lhe provoca alguma reação emotiva, seja boa ou ruim. Às vezes detestamos grandemente um filme, por qualquer motivo, mas as impressões da obra permanecem gravadas em nossa alma, mesmo que ruins. Destarte, melhor um filme que lhe deixa uma impressão perene, mesmo que negativa, do que um que lhe agradou, mas que você de nada lembra da sua estória. Cinema como arte não deve ser concebido, necessariamente para agradar, mas sim provocar o espectador, promover uma conexão mágica com o seu mundo interior. Quando essa conexão de almas (diretor - espectador) se aperfeiçoa, tocando verdadeiramente seu íntimo, a "alquimia" do bom cinema se manifesta em todo seu esplendor. Eu digo sempre: ver um bom filme é fazer sexo com amor.




Nos anos 80 como ainda era raro encontrar filmes de arte nas locadoras aqui em Natal, ele passou a  encomendar esses filmes(VHS) a um amigo que morava em São Paulo. Mas, foi  no ano de  2005 que após uma palestra sobre "Cineclube"  no Teatro de Cultura Popular que Gianfranco Marchi passou a  desenvolver um trabalho voluntário junto ao Cineclube Natal. De onde só tirou folga para cuidar do seu filho "ANTÔNIO SALVATORE", uma linda homenagem ao personagem "Totó" do filme "CINEMA PARADISO".



4 -  Há vários anos você desenvolve atividades como voluntário no Cine Clube Natal. Me fale um pouco sobre esse trabalho.

É um trabalho de amor. Não ganhamos nada com isso, apenas satisfação pessoal e a certeza de que contribuímos para o crescimento cultural de parte do público natalense. Imagine quantas pessoas viram um filme de Antonioni pela primeira vez através das telas do Cineclube? É uma sensação indescritível. Mas lutamos frequentemente com o desinteresse do grande público, acostumado - e acomodado - a assistir somente as películas que os cinemas de shopping center lhes empurra goela abaixo. Já ouvimos reclamação de pessoas que afirmam não freqüentar o Cineclube Natal porque "as cadeiras do Teatro de Cultura Popular não são confortáveis", ou porque "a definição de nosso projetor não é boa", etc. Mas a questão não é essa: o Cineclube Natal, com suas sessões - atualmente centradas em mostras temáticas - almeja a interação entre os cinéfilos, promovendo uma comunhão de idéias e interesses. É dentro desse espírito, inclusive, que reformamos nossa sede situada no Mercado de Petrópolis, box 51, tencionando reunir interessados na discussão da sétima arte todos os sábados, das nove horas ao meio dia. Vamos tirar as pessoas dos seus universos particulares e inseri-las numa comunidade voltada à discussão de projetos ligados aos audiovisual, tanto no âmbito da teoria quanto da prática.


5 - Quais os desafios e prazeres de um Cine-clubista?

O principal é atrair o interesse do público "midiático" de Natal. Outro desafio consiste em atrair pessoas que tenham vontade de contribuir ativamente com os projetos do Cineclube Natal, fazer parte da nossa própria minguada diretoria. Aproveito o espaço para convidar a todos que desejem colaborar com o Cineclube Natal a nos procurar na sede, principalmente aos sábados, para uma troca de idéias. Infelizmente, se não encontrarmos pessoas dedicadas que possam nos ajudar a levar adiante o espírito cineclubista, o Cineclube Natal poderá, eventualmente, deixar de existir.

Mas chega de pessimismo, vez que os prazeres de levar adiante a instituição são enormes. O principal é o senso de dever cumprido, ou seja, saber que sua ação contribuiu para o crescimento pessoal de um grupo de pessoas. Uma outra enorme satisfação consiste nas amizades construídas, pessoais e institucionais, dentre as quais destaco nossas parceiras Nalva Melo e Sônia Santos, cruciais à manutenção da vida cultural desta Cidade. Posso dizer que os laços afetivos formados a partir de minha vivência no Cineclube Natal são fortes e duradouros - e nutro muito orgulho por eles.


6 - O Poder Público e as  Empresas Privadas apoiam o trabalho de vocês?

Sim e não. O Poder Público nos auxilia através dos editais culturais lançados anualmente, dos quais o Cineclube Natal já foi vitorioso em algum deles. Friso, entretanto, que tais oportunidades se limitam à esfera Federal, vez que o apoio à cultura por parte das atuais administrações municipal e estadual vem sendo nulo. No tocante ao apoio de Empresas Privadas, confesso que nesse aspecto o Cineclube Natal peca pelo fato de não "correr atrás", mas esbarramos, conforme dito anteriormente, em nossa falta de massa crítica de trabalho, vez que os atuais membros ativos da diretoria exercem funções profissionais que demandam dedicação incompatíveis com a militância cineclubista.


7 - Quais as melhores razões para quem gosta de cinema freqüentar o Cine Clube Natal?

Apenas uma: o amor à sétima arte. Dessa razão as outras nascem naturalmente, sem pressão.






Conversei com  o Gian numa  linda manhã de sábado no "CINE CLUBE NATAL" no Mercado de Petrópolis.
Lá  me senti em casa e  só sai quando percebi que os meninos tinham que fechar...Por alguns momentos senti com se estivesse voltando ao tempo das idas a locadora "CANAL UM" onde o Cinema unia conhecidos e desconhecidos .


E você? ficou com vontade de rever  ou curiosidade para conhecer o personagem "Totó" do inesquecível filme "CINEMA PARADISO"? 

Aperte o play e bom filme!





                              

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