À noite, à escuridão, ao abismo, ao nada!

Era madrugadinha quando ouvi pela primeira sua voz e com ela voltei: À noite, à escuridão, ao abismo, ao nada! OS CATIVOS Encostados às grades da prisão, Olham o céu os pálidos cativos. Já com raios oblíquos, fugitivos, Despede o sol um último clarão. Entre sombras, ao longe, vagamente, Morrem as vozes na extensão saudosa. Cai do espaço, pesada, silenciosa, A tristeza das cousas, lentamente. E os cativos suspiram. Bando de aves Passam velozes, passam apressados, Como absortos em íntimos cuidados, Como absortos em pensamentos graves. E dizem os cativos: Na amplidão Jamais se extingue a eterna claridade... A ave tem o vôo e a liberdade... O homem tem os muros da prisão! Aonde ides? qual é vossa jornada? À luz? à aurora? à imensidade? aonde? — Porém o bando passa e mal responde: À noite, à escuridão, ao abismo, ao nada! — E os cativos suspiram. Surge o vento, Surge e perpassa esquivo e inquieto, Como quem traz algum pesar secreto, Como ...