Ele é carioca, trabalha com Cinema ,
televisão e publicidade. Estudou arquitetura na Universidade Federal do Rio de
Janeiro e cinema na Escola Superior de Cinema São Luiz, em São Paulo. Nos final
dos anos 60, participou do cinema marginal e foi câmera e diretor de fotografia
no belíssimo e importante filme O bandido da luz vermelha (1968), de Rogério
Sganzerla. Desde 1970, dedica-se também
ao ensino da fotografia para cinema.
O SET foi preparado para um Diretor de Fotografia que faz do seu olhar sensível , um amplo campo de visão e conhecimento
1) QUAL A IMPORTÂNCIA PARA QUEM FAZ CINEMA TRABALHAR
ANCORADO NA TEORIA?
A ideia que possa se dissociar a teoria da prática em
qualquer atividade humana me parece um equívoco. Uma emula a outra e não
existem separadamente. Repetir procedimentos sem saber o porquê deles é um
impedimento à realização da imaginação pelo desconhecimento da teoria. No
audiovisual arte e técnica são indissociáveis.
2) MOSTRAR TUDO COM O MÍNIMO DE PLANO POSSÍVEL É UM DOS MAIS IMPORTANTES DESAFIOS NO CINEMA. EM SUA OPINIÃO, COMO PODEMOS AGIR PARA FUGIR DA
INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM TELEVISIVA E ACREDITAR MAIS NO PODER NARRATIVO DA
IMAGEM?
Penso sempre que a tradição discursiva do bacharelato que
herdamos dos colonizadores faz com que nosso audiovisual seja excessivamente
falado. Alguns roteiristas e diretores dão a impressão de não buscar com o
afinco necessário as imagens que passem uma determinada ideia ou conceito,
preferindo coloca-las nas falas ou textos em off. O que conta a história no
cinema é a sequencia das imagens e dos sons. A respeito recomendo o livro do
diretor e roteirista norte-americano David Mamet "Sobre direção de
cinema"
(Ed. Civilização Brasileira), aonde ele conduz um experimento com
alunos de cinema da Universidade de Columbia para buscar as imagens e sons
essenciais para contar uma situação.
3) VIVEMOS DIANTE DE MUITAS INFORMAÇÕES VISUAIS CADA VEZ
MAIS RÁPIDAS, COM ISSO DEIXAMOS MUITAS VEZES DE CONTEMPLAR ALGO OU ALGUMA COISA
DEMORADAMENTE. O QUE PODEMOS FAZER PARA RETOMAR NOSSA SENSIBILIDADE E COM ISSO
A PERCEPÇÃO DE CÓDIGOS IMPORTANTES AO NOSSO OLHAR?
É importante desenvolver um "sensor de
importância"que indique o que vale a pena se dar atenção e dedicar um
tempo, e separa-lo do que é lixo cultural. Claro que às vezes ele vai falhar, e
vamos deixar passar algo muito interessante. Mas temos que admitir essa margem
de erro.
4) ESSE EXCESSO DE INFORMAÇÕES TAMBÉM PODE CAUSAR
DIFICULDADES DE LEITURA. POR QUE PRA SER CINEASTA É IMPORTANTE DESCONSTRUIR A
LEITURA DE IMAGEM E VOLTAR A DESENVOLVER NOSSA SENSIBILIDADE TAMBÉM ATRAVÉS DAS
CORES?
É necessário a quem trabalha com imagem exercitar o descondicionamento
do olhar. Desconectar a imagem de seus significados anedóticos óbvios e
imediatos, e focar na forma, no volume, na cor etc... Só assim podemos
ressignificar o mundo a nossa volta. Experimentos eventuais com substâncias que
aumentem e agucem a percepção e a cognição sensorial pode ser importante em
determinadas fases do processo, mas não são indispensáveis. Buscar na história
da arte as formas de representação passadas de determinados temas, objetos,
personagens etc. também tem relevância na percepção da realidade atual.
5) COMO SE DAR O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE VISÃO NA NOSSA
MENTE?
A esse respeito aconselho a ler alguns papers do Prof. Richard
Gregory. Estão em http://www.richardgregory.org/papers/ Recomendo começar com
Brainy mind.
6) COMO VOCÊ ANALISA A TRIDIMENSIONALIDADE NO CINEMA E COMO
OCORRE O CONFLITO ENTRE O CRISTALINO E A CONVERGÊNCIA DO EIXO?
Não é a toa que estamos na enésima tentativa de introduzir o
cinema estereoscópico para as grandes plateias, mais uma vez sem muito sucesso.
A dissociação daquilo que milhões de anos de evolução associaram intimamente, a
saber: a acomodação do cristalino e a vergência dos eixos ópticos, sempre ira
causar reações desagradáveis na grande maioria dos espectadores. Quer ver
dramaturgia em três dimensões? Vá ao teatro...
7) VOCÊ ESTEVE RECENTE AQUI EM NATAL E FALOU QUE A NOSSA CIDADE POSSUI UMA LUZ "HIPER
REALISTA" POR SUA FORTE RADIAÇÃO SOLAR. ALÉM DE FILTROS, POLARIZADORES...QUAIS OUTROS RECURSOS E DICAS
VOCÊ DEIXA PARA OS QUE QUEREM AMENIZAR ESSA LUZ E TRABALHAR A FOTOGRAFIA PARA CINEMA ?
Aprender teórica e experimentalmente a modular e a
domesticar a luz solar através de difusores (buterflys), rebatedores de todo
tipo, natureza e grau de reflexão e refletores. Experimentem com a fotografia
que é mais prático e depois apliquem na cinematografia.
Conheci pessoalmente o Carlos Ebert em junho desse ano aqui em Natal, quando tive a oportunidade de participar de uma de suas Oficinas de Direção de Fotografia, e também através do Documentário Vlado 30 anos depois. Filme que faz parte da minha Cinemateca, que agora compartilho com vocês.
SINOPSE- No dia 25 de Outubro de 1975, o jornalista Vladmir Herzog apresentou-se ao DOI-CODI (órgão da repressão política do regime militar) para
prestar um depoimento. No fim da tarde do mesmo dia, a família e amigos de
Vlado recebem a terrível notícia: Vlado estava morto e, segundo fonte oficial,
teria cometido suicídio na prisão. O filme revela, a partir de depoimentos de
amigos, familiares, colegas que viveram com ele a história, a amplitude das
perseguições daqueles momentos, a trajetória do jornalista, desde sua infância,
na Iugoslávia, com sua família de origem judaica, fugindo da perseguição
nazista, suas idéias políticas, sua militância, seu senso de ética, até sua
posse como Diretor de Jornalismo na TV Cultura de São Paulo e a perseguição a
ele iniciada naquele momento e o horror dos porões do regime militar, onde
imperava a tortura e os assassinatos políticos.
Com certeza foi o filme "A Vida é Bela", dirigido e protagonizado por Roberto Benigni. Muitas pessoas já haviam me indicado ele e não tive a oportunidade de assistir antes. Me arrependo de ter demorado tanto tempo para vê-lo porque esse filme é simplesmente fantástico. Sempre gostei de filmes que abordam o período da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto como "O Diário de Anne Frank" e "O Menino do Pijama Listrado", mas depois de assistir "A Vida é Bela" nada se compara. A história é envolvente, a maneira como as situações vão se resolvendo e como o personagem age diante do seu filho e reage ao que está acontecendo é impressionante, e apesar de ser um assunto tão triste e tão polêmico, há comédia inserida nas cenas – uma característica do diretor.
O início do filme é bonitinho, Guido (o protagonista) ao tentar conquistar Dora se mete em situações cômicas e constrangedoras ao mesmo tempo, depois se casa com ela e tem um filho.
A fotografia é belíssima, bem iluminada e colorida. Depois fica escura, sombria, pois parte para um drama intenso, quando sua família é levada para os campos de concentração e Guido diz para seu filho que tudo aquilo é um jogo, visando protegê-lo de tudo o que está acontecendo.
Os diálogos são maravilhosos, o desenrolar da história foi muito bem escrito. Confesso que em algumas horas dei até uma choradinha... E não é à toa que esse filme ganhou muitos prêmios, dentre eles o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
“A Vida é Bela” nos faz refletir em como é importante viver e aproveitar cada momento intensamente, em como não devemos desistir a cada obstáculo e em amar e ser amado. Nossa vida pode mudar do dia para a noite, por isso nunca é demais dizer um “eu te amo” para as pessoas que amamos, fazer alguma loucura, comer algo delicioso fora da dieta, pois o amanhã é incerto.
Foi com o CD "Micróbio do Samba" que voltei novamente meus ouvidos e olhar para seu repertório.
Sou do tempo(anos 90) de quando ela sequer tinha uma banda para acompanhar...Adriana Calcanhoto cantava e empolgava sentada num banquinho e um violão nos pequenos palcos,mas maravilhosamente intimista com suas composições, ritmo, papos, piadas e um incrível bom humor!!
Salve Adriana Calcanhoto reinventada!
Lupicínio dizia que era preciso ter o "bichinho do samba", reconhecer o “duende” guardião da vertente para poder cantar. “Ele se gabava de ter sido expulso do colégio, e falava que isso era ter o tal micróbio, o gene do malandro. Achei incrível.”