quinta-feira, 30 de maio de 2013

UM SET PARA: MIRIAM BIDERMAM


Ela nasceu em São Paulo e por ser pioneira no trabalho de pós produção sonora no Brasil, tornou-se uma referência no assunto. Começou sua carreira como  assistente de edição nos Estados Unidos na década  de 80. Lá trabalhou em filmes como A cor do dinheiro (1985), de Martin Scorsese, e Short cuts - Cenas da vida (1993), de Robert Altman.  Voltou para o Brasil na década  de 90, e desde então vem trabalhando na edição de som de vários longas brasileiros, entre eles"O Homem do Futuro", Mulher Invisível" de Cláudio Torres, "Lope", Casa de Areia" e "Eu Tu Eles" de Andrucha Waddington, "Febre do Rato", "Baixio das Bestas" e "Amarelo Manga" de Cláudio Assis", "Bruna Surfistinha",  e mais recente, "Faroeste Caboclo" . É com um imenso entusiasmo que trago para o SET:




1- Você começou sua carreira como assistente de som nos EUA na década de 80. Na sua opinião, além da mudança do analógico para o digital, quais principais mudanças ocorridas no Cinema nesse setor nos últimos vinte anos?

Muita coisa mudou. Tecnicamente, como você apontou, a mudança do analógico para o digital foi importantíssima! Junto a isso, com o desenvolvimento dos "workstations" , principalmente do ProTools,  com computadores cada vez mais potentes, com poder de armazenamento nunca antes imaginados, o conceito da edição de som mudou. Antes só era possível imaginar o que iria acontecer na mixagem e tentar se preparar para isso. Hoje, temos o desenho de som praticamente pronto na edição e a mixagem ficou um espaço para se "apurar" a sonoridade que vem da montagem.



2- O Cinema Brasileiro por muito tempo recebeu críticas pela falta de qualidade sonora em seus filmes. Hoje, em termos tecnológicos e criativos, podemos dizer que os nossos filmes estão no mesmo nível das produções internacionais?

As produções brasileiras estão mais sofisticadas. No entanto, há essa preocupação na comparação com produções internacionais, principalmente as americanas.
Mas é uma comparação infeliz.
Há muitas diferenças entre a "indústria" americana  e nosso mercado, onde ainda nossa indústria é ainda um projeto.
Podemos nos comparar a produção argentina, chilena, latino americana, da Asia?
De qualquer modo, não é uma preocupação que tenho.
Quando tenho que ir mixar fora do Brasil , gosto de saber com quem vou trabalhar, qual a estética do mixador e quais equipamentos serão utilizados, que em geral é muito parecido com o que usamos aqui.
O que mais gosto é poder trabalhar com pessoas que têm outras experiências, outra forma de resolver problemas, outro olhar sobre o som do filme.
Quando vou assistir um filme, não fico pensando se é americano ou belga, chinês, brasileiro!
Bem… pensando bem, para filme brasileiro eu tenho outra percepção!! Em geral sabemos das histórias do filme, quem fez, como foi feito, etc. Raramente assisto tão isenta. Mas deveria!



3 - Você poderia citar os principais filmes brasileiros que nas últimas décadas investiram na edição de som e mixagem para ampliar e espacializar suas imagens?

Praticamente todos! Não necessariamente investiram em termos de orçamento, grana. Mas incentivaram criativamente nosso trabalho dentro dos projetos.



4 - No já premiado Documentário "Francisco Brennand" lançado em março, no qual você fez a Edição de Som, o diretor pediu que fosse captado o som direto pela riqueza da ambientação. Além disso, alguns diretores não gostam de dublagens e buscam cada vez mais uma estética mais naturalista possível para seus filmes. Fato marcante no filme "O SOM AO REDOR", isso exige uma preocupação cada vez maior com a captação do som direto. Manter a verdade do lugar tem sido um desafio na hora da pós produção sonora?




Considero que o som direto é parte estrutural do som de um filme. Todo o desenho que será construído sairá dessa base sonora. Obviamente que quanto melhor gravado, melhor será o resultado final.
A dublagem é independente disso. As vezes é necessário dublar por outras questões, inclusive técnicas, que não comprometem a sonoridade do filme.
A estética naturalista é a mais aceita atualmente. Mas já fizemos vários filmes com estética nada naturalista, e ainda assim, o som direto continua a ser fundamental.
Para manter a verdade do lugar é importantíssimo ter elementos naturais da locação. Mas esses sons muito provavelmente estarão com outros que não necessariamente serão desse lugar, para conseguirmos criar uma nova verdade!


                                                                                 Miriam Bidermam/Oficina no CINE-PE


5 - Como você vê o crescimento do setor audiovisual em Pernambuco? você acredita que isso é resultado das políticas públicas adotadas, resultando por incentivar seus Roteiristas, Diretores, Técnicos e a própria comunidade a produzir seus filmes?


Acredito que o desenvolvimento do setor audiovisual pernambucano vem de muito tempo! Com  mais aporte de verbas, resultou em mais condições de trabalho. Assisto com muito interesse o que tem sido feito lá. Mas sei que não é recente. Há muito tempo Pernambuco mostra uma produção diversificada tecnica e criativa.


6 - Sabemos que o Cinema possui uma curva sonora específica, porém alguns cuidados com a reverberação não vem sendo respeitados em algumas salas de Cinema. Como isso pode comprometer os trabalhos da edição e mixagem de som de um filme?

Compromete porque o que é projetado não corresponde ao trabalho que foi feito na edição e mixagem.


7 - Qual recado você deixa para os estudantes do curso de Cinema, e para todas as pessoas que já trabalham ou desejam ampliar seus conhecimentos sobre  Edição de Som?

Tentar ouvir o que o filme pede!
Acreditar que o som pode ajudar na dramaturgia do filme.
Trabalhar nas camadas sonoras subjetivamente.
Dar "cor" para as cenas, sem ser maior que a cena.
Dar "peso" aos personagens, sem que esses sons destoem ou pulem da tela.



O filme Faroeste Caboclo estreia hoje nos Cinemas,
Uma belíssima oportunidade para você entender ainda mais  o poder do ÁUDIO no Visual



Conheci  Miriam  Bidermam numa oficina de pós produção sonora em Recife em abril desse ano. Durante três dias sua didática, relatos de experiências vividas nos filmes em que  trabalhou e  sua sincera disposição ao compartilhar   conhecimentos, me fizeram  ficar ainda mais entusiasmada com o mágico  mundo  sonoro no universo do Cinema. Ela é uma daquelas raras pessoas que traz no olhar alegria, seriedade e amor pelo faz.





Confira também:

Estação Olhar Meu: UM SET PARA: NELSON MARQUES



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Documentário - Alberi "O Craque Alvinegro"

"Oportuno, bem realizado, inteligente. Assistir a Alberi, o craque alvinegro, provoca no espectador aquele desejo de saber mais, aquela vontade de que o filme continue para nos mostrar mais e mais. Não se trata de um desejo pelo espetacular, pelo excessivo, tão comum na produção documental de hoje, especialmente nas TVs. É um desejo pelo humano, pelo sublime, pelo afetuoso. Trata-se de uma obra oportuna, pois o craque ainda é reconhecido e aclamado pelas ruas da nossa cidade. Bem realizado por ter roteiro, direção, fotografia, trilha sonora e montagem elogiáveis. Inteligente porque não zomba ou menospreza nem as personagens nem os espectadores. Um filme para entrar para história e para a memória das coisas boas do Rio Grande do Norte. "

Airton Miguel De Grande – Prof. Cinema Documental
Mestre  Multimeios(Unicamp)


                                                                                                            




                            


O Documentário é um trabalho acadêmico que obedece o tempo de 15min.
Após exibição desse filme no SEBRAE e  Estádio Maria Lamas Farache(Frasqueirão),  diversas promessas foram feitas por alguns setores do  ABC Futebol Clube que na época demonstraram  preocupação em regularizar um plano de saúde para o ex-jogador.
Um ano depois, nada foi feito. Nosso maior ídolo continua esquecido. Felizmente apenas por eles, pois  para todo o estado  do Rio Grande do Norte sua história permanecerá viva.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

O dia que durou 21 anos - Um Documentário revela participação dos Estados Unidos na preparação do golpe de 64



Yes!!
Eles não queriam que o Brasil se tornasse uma segunda Cuba.




Os bastidores  desconhecidos pela maior parte da sociedade brasileira - da participação dos Estados Unidos na preparação e execução do golpe militar em 1964, por meio de documentos sigilosos que ficaram secretos durante anos. O documentário mostra ainda que os Estados Unidos estavam decididos a invadir o Brasil para que o golpe tivesse sucesso.





terça-feira, 14 de maio de 2013

UM SET PARA: LUCAS GALVÃO

Aos quatro anos de idade ele já frequentava locadoras de vídeo.Na adolescência levou um choque ao assistir Laranja Mecânica, nunca mais esqueceu Stanley Kubrick. Descobriu Truffaut, Glauber, Win Wenders... E das profundezas da sétima arte nunca mais saiu. Nem quando o rock bateu sua porta e o Guns n roses e Iron Maiden fizeram sua cabeça a ponto do cara querer formar uma banda de rock..
Com 1,84 de altura e  aos 24 anos ele ainda tem  cara e atitude de um pop star underground. Mas o Cinema gritou muito mais alto e falta pouco para ele receber o canudo de Cineasta pelo Instituto de Educação Superior de Brasília. Enquanto isso não acontece alguns dos seus trabalhos como o Documentário "UM FILME QUE DEIXAMOS DE VER" que fez ao lado dos colegas André Santos,Tony Elbert e Julien Rose, quando era aluno de Cinema da Universidade Potiguar,  desperta respeito.O filme discute a extinção das salas de cinema de rua de Natal, assunto que vem ganhando cada vez mais espaço, atenção e debates por todo Brasil. 
Com o SET preparado, tenho o prazer de trazer para vocês o Documentário e pedir  LUZ, CÂMERA e AÇÃO para meu amigo:





1 -  O que motivou  vocês a falar sobre esse tema?

Sabemos muito bem que os cinemas de bairro praticamente já se extinguiram em quase todo território brasileiro. O circuito exibidor, ao longo do tempo, se adaptou às "exigências" capitalistas, e hoje, se quisermos ir ao cinema, somos obrigados a entrar em um shopping center. Muita gente, inclusive, acaba indo ao cinema por "consequência" de estar no shopping. Preocupados em resgatar um pouco de como era vivenciar a experiência de ir ao cinema de uma forma mais intensa, eu e meus colegas resolvemos tirar do baú um pouco da história dos cinemas de bairro da cidade, e mostrar que Natal já possuiu vários cinemas que funcionavam muito bem. A minha geração, por exemplo, praticamente não teve contato com o circuito exibidor de bairro, local que se ia para assistir a um filme, e, até pela consequência do próprio ambiente, as pessoas eram incitadas a discussão fílmica pós- sala de projeção. Achamos propício relembrar um pouco desses valores que foram perdidos "no decurso do tempo", e que fizeram parte da nossa cultura durante muitos anos.


2- O que você destacaria de mais importante na retomada que ocorreu durante a pesquisa e filmagens?

O processo de pesquisa foi meio rápido, pois não tivemos muito tempo para desenvolvermos uma pesquisa mais complexa. Respondendo por mim, posso dizer que, a cada vez que ia pesquisando mais sobre o tema, sentia-me como se estivesse no passado, vivenciando tudo aquilo. Descobrimos a existência do livro “Écran Natalense" do jornalista Anchieta Fernandes - o qual também aparece no documentário. O livro é um resgate da história do cinema em Natal, e fala profundamente bem sobre vários dos cinemas que já passaram pela capital potiguar. Foi um material muito rico que descobrimos no nosso processo de pesquisa. Já durante as filmagens, nos deparamos com um grande trabalho de pesquisa feito por Nelson Marques do Cineclube Natal, que também foi de grande valia e aprendizado pra todos nós.

3- Na sua opinião, esse quadro pode ser revertido caso houvesse interesse do público, produtores e iniciativa privada?

Olha, realmente tenho minhas dúvidas enquanto ao resgate dos cinemas de bairro. Infelizmente as pessoas se acostumaram, e foram se "educando" (ou reeducando) a fazer essa associação do shopping com a ida ao cinema. Seria difícil deslocar essa ideia da cabeça da população. Teria que ser feito um processo de “lavagem cerebral audiovisual" na cabeça das pessoas, e isso não é nada fácil. 
  No entanto, acho que seria possível a construção de um espaço exibidor voltado para o cinema com uma proposta de exibir filmes independentes, ou do circuito de arte, porque conseguiríamos agregar o público que consome um cinema diferenciado, que foge dos padrões "blockbusters". Esse nicho de pessoas frequentaria perfeitamente bem um espaço exibidor extra-shopping. Para que isso ocorra, era bom que houvesse um apoio de "órgãos competentes", né? !  ajudaria bastante.

4- Estive recentemente em Recife e vi que lá eles ainda mantém salas de Cinema na rua do centro da cidade. Com isso, algumas produções locais conquistam mais espaço para exibição de seus filmes que acaba fortalecendo o mercado do audiovisual local. Isso poderia servir de exemplo aqui em Natal?

Recife é um pólo violento de produção audiovisual; é até um pouco complicado comparar com Natal, que ainda está galgando os primeiros passos no âmbito cinematográfico. São vários os fatores que seguram um cinema de bairro em Recife, e um deles é exatamente o fato de que lá se produz muito cinema, e tem que haver um espaço para "vomitar" essa grande quantidade de produções. Daí ainda consegue sustentar um espaço exibidor de bairro. Eles precisam muito deste espaço até por necessidade de exibir as próprias produções. Acho que Recife é um exemplo pra qualquer cidade do país, no que diz respeito à cultura.

                                                                Cinema de rua ainda em funcionamento em Recife




5- Quais as maiores diferenças entre estudar Cinema em Natal e estudar em Brasília?

Olha, aprendi que o termo "faculdade de cinema" é algo meio subjetivo, abstrato. Primeiro porque nenhuma faculdade vai te formar cineasta, nem vai te preparar para enfrentar o mercado. A faculdade ajuda em outros aspectos, mas jamais tornará você um cineasta; é meio contraditório, mas é a verdade.
  Brasília oferece coisas que em Natal não existe, tais como um bom circuito de filmes, com opções que vão bem além do circuito comercial; diversas mostras e cursos na área, sem falar que em Brasília há uma quantidade de pessoas muito maior que em Natal que estão dispostas a trabalhar com cinema. O reflexo disso é que aqui se produz longas-metragens, e existem algumas produtoras que só focam no cinema, o que acaba tornando o mercado muito mais efervescente.

6- O que falta para alavancar nossas produções?

Fazer cinema é sinônimo de trabalho em equipe. Penso que aí em Natal existe certa desunião das pessoas da área, e que já são poucas. Em Recife, por exemplo, grande parte dos que trabalham na área, se ajudam!! o lema é esse: a união faz a força. Poxa, hoje tá muito mais fácil fazer cinema no Brasil! Temos muito mais ofertas de editais, o custo para se filmar é muito menor (o digital chegou pra facilitar as nossas vidas). Acho que o que falta é formar um grupo de pessoas que queiram encarar isso de uma forma madura e disciplinada, e o resto é meter a mão na massa. Viver de cinema é difícil, concordo; mas FAZER cinema não é tão complicado assim. Admito que a prefeitura e o governo não disponibilizem o menor apoio ao audiovisual, o que é um fator negativo, mas não impede que se desista por conta disso. Há outros meios. Com força de vontade, trabalho em equipe e um pouco de paciência as coisas chegam.






7- Você acredita que através da linguagem do audiovisual podemos provocar mudanças significativas em áreas sociais, culturais e até mesmo econômicas?

Sim, acredito veementemente que o audiovisual possui um poder de mudança fantástico, que é capaz de mudar o eixo de diversos problemas e situações conflitantes que assolam o nosso país. Lógico, para que as pessoas entendam o poder que a linguagem do audiovisual possui, é necessário que elas tenham contato com a EDUCAÇÃO. Para mim, esse é o caminho mais seguro para deixarmos de sermos apenas humanos, e nos tornamos seres ESCLARECIDOS. Alie a educação ao audiovisual, e o resultado será surpreendente.


                                                           Aperte o PLAY  e não deixe de ver:
                                                                                 "O FILME QUE DEIXAMOS DE VER"


                        



Dizem que as tribos se encontram...e é a mais pura verdade! Conheci Lucas na faculdade e de lá pra cá o Cinema e o Rock vem pautando nossa amizade. No Projeto Doc. Natal compartilhamos ideias, nas idas ao Cineclube aos sábados discutíamos Truffaut, e nos happy hours  ouvíamos rock e blues alto e em bom som.  O cara faz uma falta!!









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CORUJAS E PITANGAS